Há momentos em que se necessita escrever e não se quer exatamente revelar o porquê, nem deixar que o texto transpareça. Escrever simplesmente por assim fazer com que se sinta melhor, por assim esvair alguma sensação que incomoda, machuca. Escrever mesmo sabendo que talvez não será lido, escrever sem pensar no alheio, no que ele pensará, é nesse momento, em que as palavras apenas desejam vir de mim para mim que acabam ecoando em outras cabeças e fazendo com que os outros identifiquem-se. Existem pessoas que querem compartilhar com os outros apenas o melhor, sejam histórias, sejam momentos, sejam [principalmente] sentimentos. Creio que me enquadro mais especificamente no terceiro exemplo de tal grupo acima citado, sentir-se mal, sentir-se triste não é algo essencialmente da minha natureza [creio eu] e quando isso acontece prefiro evitar transparecer para o próximo, de modo que minha melancolia não afete o dia do outro que poderia estar tão feliz, é a vontade de não se sentir uma pedra no caminho. É até irônico alguém tão extrovertido, tão voltado para relações sociais não querer expressar diretamente algo que tão lhe incomoda, algo que deseja ver longe de si. Contudo, às vezes é melhor sentir a dor, remoer a dor, refleti-la para que a mesma nunca mais volte [ou, pelo menos, afaste-se pelo maior tempo possível]. Às vezes é difícil demonstrar-se tão forte e controlador de si, mas é algo até divertido, visto que, para esconder algo, é útil exibir outra coisa muito mais interessante [mais atraente talvez]: alegria, por exemplo. É como o trabalho de um palhaço por dentro triste: fazer com que os outros riam para que as risadas ecoem em seu interior e surtam algum efeito no combate às suas desilusões. Pior é quando não sei o que sinto, pode nem ser dor. Vazio, talvez. Mas, resolver o vazio é bem melhor, é só deixar que um sentimento bom [vindo de alguém bom] me preencha a ponto de esquecer o que mais cedo senti, Difícil só é escolher de quem e qual sentimento abrigar.
2016 e suas mulheres
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Era uma manhã de agosto e o meu telefone na redação começou a tocar.
- Estado...
- Alô, eu queria falar com o Felipe, por favor.
- Sim, é ele. Quem fala?
- ...
Há 7 anos
2 comentários:
Eu ia fazer um post sobre isso hoje, eu estou assim, exatamente assim. Não sei se é tristeza, mas meus olhos estão marejados, não sei se é cansaço, mas tudo me doe. É um não-sentimento que me invade, invade o que sou e o que não-sou. Não sei se esse é meu verdadeiro eu, ou meu não-eu, na verdade não sei nem o que é verdade. É um nilismo que vai chegando e invandindo, antes fosse o nada, fosse o vazio, seria fácil de resolver, mas é um não-sei-o-quê, e por não saber do que se trata, não se tem solução. É tentar explicar o inexplicável. E sorrir, apenas sorrir, pois se pra você nada faz sentido, ao menos os outros vão sorrir pra você como se tudo houvesse um sentido: e você se sente acolhido, pois alguém está feliz. E você se sente só, será só eu vejo esse buraco no meu peito?
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