5/25/2009 09:20:00 AM Comment5 Comments


Há um bom tempo tenho analisado a diferença entre saber de algo e realmente aprender sobre tal assunto. Certos assuntos faço questão de demorar analisando, como alguém que,antes de prová-la, observa, por um instante, alguma inguaria que nunca comeu. Ontem ouvi uma frase e hoje parece que comecei a aceitá-la. "Pessoas não pertencem às outras para sempre". Não mesmo. Certas vezes, a afeição que se sente por alguém é usada como forma de aprisionar essa tão querida pessoa. Se eu pudesse, transformaria algumas pessoas em miniaturas e as carregaria no (meu!) bolso. Mas, não posso e devo aprender com isso. A vida é uma experiência bem curta, os relacionamentos encontrados nela são mais fugazes ainda. As pessoas não são eternas, o máximo de eterno que se pode ter em relação a alguém é o sentimento. Chegará o dia em que a separação será necessária. O contato se perde, as conversas são raras. Nós, viventes, nos separamos por nossas escolhas, não podemos viver em função dos outros, por mais que queiramos, por mais que seja prazeroso ou necessário. Deve-se respeitar a independência e liberdade de cada um.
De certa forma, o desejo de aprisionar alguém, de guardá-la no bolso, tem a ver com a incapacidade de aproveitar cada momento do relacionamento. Deseja-se alguém para sempre porque cada pessoa é uma fonte inesgotável de sensações. E se quer prová-las, uma a uma, com o seu "prisioneiro afetivo". Mas a beleza dos pássaros está no seu voo, não há como essa beleza se manifestar numa gaiola. É preciso deixar, deixar que o pássaro voe, talvez volte ou talvez você nunca mais o alcance. Mas, deixar que ele voe faz parte da confiança. É mais fácil manter um pássaro livre no seu quintal do que engaiolá-lo e perdê-lo assim que a gaiola quebrar. Você conheceu o pássaro livre, não possui o direito de aprisioná-lo. E assim são pessoas, livres, efêmeras, fugazes. Elas vão embora, porém, nunca igual a como chegaram e sempre mudando algo em quem deixam. O seu tempo não é o mesmo dos outros, então a ida nunca será sincronizada com sua capacidade de deixar ir. É melhor aceitar para que o sentimento (o único eterno) seja feito de boas lembranças, não da frustração pela "perda".

Depois de algum tempo você aprende a diferença,

a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.

Um Manual de Sobrevivência - Willian Shakespeare.

5/21/2009 11:00:00 AM Comment1 Comments

Tomado pelo lugar comum de que “A vida é uma escola”, convido todos ao retorno de seus tempos de estudo primário, quando ainda chamávamos a professora de “tia”, talvez imersos na ilusão de que todos que nos transmitem carinho e ensinamentos sejam nossos parentes. Lá, enquanto nossos pequenos corações descobriam novos sentimentos e não paravam de crescer, ano após ano, recebemos ensinamentos que só mais tarde seríamos capazes de entender a profundidade. Na sala, aprendemos a ler, mas só na convivência descobrimos ser possível a leitura não só de textos, mas de pessoas. Somos capazes de ler o próximo e nos ler, basta juntar as sílabas da forma correta. Na aula de matemática, conhecemos as quatro operações, porém, apenas mais tarde descobrimos que é possível somar com pessoas, subtrair sentimentos ruins, multiplicar os bons e saber quando dividir. Mais tarde, em química, quando estudamos as ligações atômicas, descobrimos a possibilidade de doar, receber e compartilhar nossas partículas, como se cada um fosse um átomo e seus sentimentos os elétrons. Ainda em química, descobrimos também que existem os gases nobres, pessoas que, por mais que desejemos, nunca iremos encontrar, nunca teremos contato, simplesmente não se misturam. Em matemática, novamente, descobrimos que menos com menos podem ser mais, desde que estejam dispostos a se unir. E, na aula de português, tomamos conhecimento de vários verbos e seus significados teóricos, mas só saberemos quando e por que usá-los na prática, na grande escola que é a vida. É nela que percebemos a verdadeira grandiosidade de palavras como amar, perdoar, compreender. “Palavras têm peso, uma vez proferidas não podem ser silenciadas, o significado é como uma pedra jogada em um lago; a ondulação na água se propaga e não se pode saber que margem vai inundar.” Estudamos a história do mundo para não repetir os erros do passado, estudamos a nossa história íntima para extrair o melhor que passou a fim de construir um futuro promissor. De fato, a vida é uma escola. De certos ensinamentos não podemos fugir, algumas lições teremos de maneira doce e encantadora, outras serão penosas e amargas. Vivemos numa troca inesgotável de informações, amigos podem ser seus professores, nossos pais um dia serão nossos alunos, cabe a nós saber que ensinamento dar aos que amamos. E, para viver, é preciso que um princípio nunca seja esquecido: “Nunca saberemos de tudo”, pois saber tudo tiraria a graça da vida, o encanto da aprendizagem, a beleza da troca. Por isso, tome cada dia como uma página de um livro que se lê com grande curiosidade e sede por sabedoria, extraia dele o melhor, por mais difícil que seja a leitura, e interaja com os personagens que encontrar em sua história. Todos nascemos para aprender e morreremos deixando aqui nossa contribuição para o aprendizado do próximo, pois aprisionar o conhecimento é a prova de que não se aprendeu a diferença entre dividir e compartilhar.

5/08/2009 08:24:00 PM Comment2 Comments

Lost ‘til you found

Swim ‘til you drown

Know that we all fall down

Love until you hate

Jump ‘til you break

Know that we all fall down

Ouvi essa música em diferentes momentos da minha vida, mas parece que nunca quis tanto entender e agir de acordo com a mensagem que vem nela quanto atualmente. Criei muitas expectativas, construí várias metas e, por muitas vezes, deixei de agir por causa do medo de errar.

Um pensamento tem sido bem recorrente em minha cabeça, antes era um mero conselho da minha consciência, depois passou a ser certo desconforto, mas agora é uma necessidade: “Preciso organizar minha vida”. Cheguei a um ponto em que “cansar” e “desistir” tem sido verbos muito comuns no meu vocabulário, geralmente conjugados no pretérito perfeito, seguidos pela vaga tentativa de trazer o verbo “mudar” para minha pessoa, minha primeira pessoa, fazer dele a primeira ação da minha pessoa. Esqueci-me de ser o sujeito e me tornei objeto, objeto de uma ação que escolhi praticar antes, no meu pretérito que agora parece mais que perfeito, graças à confusão na qual me encontro. Preciso unir o melhor do que fui com os planos do que posso ser, sair da inércia e, mais que tudo, errar.

Acho que já segui o primeiro passo do refrão. Estou me perdendo até encontrar o que quero ser, inclusive tentando agir em prol desse encontro. Contudo, ainda preciso nadar até me afogar, ainda preciso cansar. E não no sentido que tenho me cansado ultimamente, por descrença, por enjoo, mas por verdadeiro esforço, por tentar repetidamente. Preciso cair na piscina e nadar até perder todas minhas energias, porque mesmo me afogando terei a certeza de que nadei, não fiquei na raia perguntando se valeria à pena. Assim como amar até odiar, romper a linha tênue entre o amor e o ódio e depois entender porque amei e, ao final, escolher pelo amor, já que ele deve superar o ódio. Acreditar no amor sempre nos pareceu uma ótima válvula de escape. Assim como pular todos os meus obstáculos até quebrar, quebrar algum parâmetro, algum limite, ou me quebrar e, com isso, juntar meus pedaços numa forma de me conhecer. O que me permite isso é a consciência do erro, de que todos nós caímos, perdemos, vacilamos. “We all fall down”! Prefiro tentar e depois me orgulhar de ter agido a permanecer na preguiça e não mais evoluir. Meu medo não deve ser o de cometer os erros, deve ser de não saber repará-los.

“Whenever your world starts crashing down, that’s when you’ll find me”

5/03/2009 10:21:00 PM Comment0 Comments

Sinto falta, sinto muita falta. Faz tempo que não vejo, que não converso, que não rio. Parece que a promessa não foi cumprida, as regras do acordo não foram respeitadas. É penoso, porque as boas recordações que me restam vêm envolvidas pela melancolia da [tua] ausência. Minto para mim dizendo que não me importo mais, finjo que não me afeto, como se não interferisse, como se eu aprendesse a desgostar. E por mais que eu tente repetir essa mentira [ao contrário do que o ditado diz] ela nunca se tornará verdade. Hoje percebi, através de uma frase, que o sentimento é recíproco, assim como a inércia em que ambos estão, porém custo a acreditar que [de mim para ti] a distância é a mesma, talvez porque seus passos podem ser bem maiores que os meus. Tenho a convicção que fiz o que pude, durante todos os anos e tenho o triste cansaço que agora me impede de tentar um pouco mais, de perseverar. Não gosto de desistir, muito menos de pessoas, menos ainda de desistir de ti. E outros copos estão preenchendo a mesa, outros perfumes estão passeando no ar, mas é como se tua essência tivesse virado meu olfato, afinal, cansei de dizer que fazes parte de mim, uma parte que [agora?] falta. Infelizmente descobri que, ao contrário do que eu pensava, não é uma parte vital, de extrema necessidade. Doeu admitir que vivo sem, contudo, nada supera a dor de aprender a aceitar essa independência. Eu queria [e ainda quero] que aquela eternidade não fosse tão efêmera. Agora vejo que a única eternidade que tenho é a espera. Vou esperar, mas sem grandes expectativas. Não posso viver de lembranças, por mais felizes que sejam. Eu preciso de suas ações, que, mais do que nunca, estão [na verdade, acho que sempre foram] ausentes. E o pior de tudo é que tu me conheces e, por me conheceres, eu esperava que já tivesse agido. Por isso, chego à triste conclusão de que você também desistiu de mim e conserva na lembrança aquilo que chamamos de sempre, aquilo que ambos poderiam fazer de eternidade.

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