Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
Um Manual de Sobrevivência - Willian Shakespeare.
«non legor, non legar»
Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
Um Manual de Sobrevivência - Willian Shakespeare.
Lost ‘til you found
Swim ‘til you drown
Know that we all fall down
Love until you hate
Jump ‘til you break
Know that we all fall down
Ouvi essa música em diferentes momentos da minha vida, mas parece que nunca quis tanto entender e agir de acordo com a mensagem que vem nela quanto atualmente. Criei muitas expectativas, construí várias metas e, por muitas vezes, deixei de agir por causa do medo de errar.
Um pensamento tem sido bem recorrente em minha cabeça, antes era um mero conselho da minha consciência, depois passou a ser certo desconforto, mas agora é uma necessidade: “Preciso organizar minha vida”. Cheguei a um ponto em que “cansar” e “desistir” tem sido verbos muito comuns no meu vocabulário, geralmente conjugados no pretérito perfeito, seguidos pela vaga tentativa de trazer o verbo “mudar” para minha pessoa, minha primeira pessoa, fazer dele a primeira ação da minha pessoa. Esqueci-me de ser o sujeito e me tornei objeto, objeto de uma ação que escolhi praticar antes, no meu pretérito que agora parece mais que perfeito, graças à confusão na qual me encontro. Preciso unir o melhor do que fui com os planos do que posso ser, sair da inércia e, mais que tudo, errar.
Acho que já segui o primeiro passo do refrão. Estou me perdendo até encontrar o que quero ser, inclusive tentando agir em prol desse encontro. Contudo, ainda preciso nadar até me afogar, ainda preciso cansar. E não no sentido que tenho me cansado ultimamente, por descrença, por enjoo, mas por verdadeiro esforço, por tentar repetidamente. Preciso cair na piscina e nadar até perder todas minhas energias, porque mesmo me afogando terei a certeza de que nadei, não fiquei na raia perguntando se valeria à pena. Assim como amar até odiar, romper a linha tênue entre o amor e o ódio e depois entender porque amei e, ao final, escolher pelo amor, já que ele deve superar o ódio. Acreditar no amor sempre nos pareceu uma ótima válvula de escape. Assim como pular todos os meus obstáculos até quebrar, quebrar algum parâmetro, algum limite, ou me quebrar e, com isso, juntar meus pedaços numa forma de me conhecer. O que me permite isso é a consciência do erro, de que todos nós caímos, perdemos, vacilamos. “We all fall down”! Prefiro tentar e depois me orgulhar de ter agido a permanecer na preguiça e não mais evoluir. Meu medo não deve ser o de cometer os erros, deve ser de não saber repará-los.
“Whenever your world starts crashing down, that’s when you’ll find me”
Sinto falta, sinto muita falta. Faz tempo que não vejo, que não converso, que não rio. Parece que a promessa não foi cumprida, as regras do acordo não foram respeitadas. É penoso, porque as boas recordações que me restam vêm envolvidas pela melancolia da [tua] ausência. Minto para mim dizendo que não me importo mais, finjo que não me afeto, como se não interferisse, como se eu aprendesse a desgostar. E por mais que eu tente repetir essa mentira [ao contrário do que o ditado diz] ela nunca se tornará verdade. Hoje percebi, através de uma frase, que o sentimento é recíproco, assim como a inércia em que ambos estão, porém custo a acreditar que [de mim para ti] a distância é a mesma, talvez porque seus passos podem ser bem maiores que os meus. Tenho a convicção que fiz o que pude, durante todos os anos e tenho o triste cansaço que agora me impede de tentar um pouco mais, de perseverar. Não gosto de desistir, muito menos de pessoas, menos ainda de desistir de ti. E outros copos estão preenchendo a mesa, outros perfumes estão passeando no ar, mas é como se tua essência tivesse virado meu olfato, afinal, cansei de dizer que fazes parte de mim, uma parte que [agora?] falta. Infelizmente descobri que, ao contrário do que eu pensava, não é uma parte vital, de extrema necessidade. Doeu admitir que vivo sem, contudo, nada supera a dor de aprender a aceitar essa independência. Eu queria [e ainda quero] que aquela eternidade não fosse tão efêmera. Agora vejo que a única eternidade que tenho é a espera. Vou esperar, mas sem grandes expectativas. Não posso viver de lembranças, por mais felizes que sejam. Eu preciso de suas ações, que, mais do que nunca, estão [na verdade, acho que sempre foram] ausentes. E o pior de tudo é que tu me conheces e, por me conheceres, eu esperava que já tivesse agido. Por isso, chego à triste conclusão de que você também desistiu de mim e conserva na lembrança aquilo que chamamos de sempre, aquilo que ambos poderiam fazer de eternidade.