5/03/2009 10:21:00 PM Comment0 Comments

Sinto falta, sinto muita falta. Faz tempo que não vejo, que não converso, que não rio. Parece que a promessa não foi cumprida, as regras do acordo não foram respeitadas. É penoso, porque as boas recordações que me restam vêm envolvidas pela melancolia da [tua] ausência. Minto para mim dizendo que não me importo mais, finjo que não me afeto, como se não interferisse, como se eu aprendesse a desgostar. E por mais que eu tente repetir essa mentira [ao contrário do que o ditado diz] ela nunca se tornará verdade. Hoje percebi, através de uma frase, que o sentimento é recíproco, assim como a inércia em que ambos estão, porém custo a acreditar que [de mim para ti] a distância é a mesma, talvez porque seus passos podem ser bem maiores que os meus. Tenho a convicção que fiz o que pude, durante todos os anos e tenho o triste cansaço que agora me impede de tentar um pouco mais, de perseverar. Não gosto de desistir, muito menos de pessoas, menos ainda de desistir de ti. E outros copos estão preenchendo a mesa, outros perfumes estão passeando no ar, mas é como se tua essência tivesse virado meu olfato, afinal, cansei de dizer que fazes parte de mim, uma parte que [agora?] falta. Infelizmente descobri que, ao contrário do que eu pensava, não é uma parte vital, de extrema necessidade. Doeu admitir que vivo sem, contudo, nada supera a dor de aprender a aceitar essa independência. Eu queria [e ainda quero] que aquela eternidade não fosse tão efêmera. Agora vejo que a única eternidade que tenho é a espera. Vou esperar, mas sem grandes expectativas. Não posso viver de lembranças, por mais felizes que sejam. Eu preciso de suas ações, que, mais do que nunca, estão [na verdade, acho que sempre foram] ausentes. E o pior de tudo é que tu me conheces e, por me conheceres, eu esperava que já tivesse agido. Por isso, chego à triste conclusão de que você também desistiu de mim e conserva na lembrança aquilo que chamamos de sempre, aquilo que ambos poderiam fazer de eternidade.

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