4/25/2009 12:09:00 PM Comment2 Comments


A quem importa se hoje a água estava mais fria? Se não quis sair da cama, se não quis ver, falar, nem ouvir. Quem se interessa por quantos sonhos ficaram no meio do caminho? Quantas vontades não foram satisfeitas, quantas dúvidas não foram resolvidas. De que adianta explanar as dores, reconstruir momentos de desespero, evocar situações de angústia? Nada, a resposta para isso tudo é nada. No vácuo é que todas essas sensações deveriam ficar, ou não ficar, não existir mais. Mas, elas são como uma música que um dia incomodou muito ouvir pela altura do seu volume. Com o tempo você se afasta dela e sua intensidade é menor, entretanto, a música sempre irá tocar, só que dessa vez mais baixo. E basta se aproximar do rádio que ela volta à tona e continuará irritando, até mais que antes, talvez. O problema é quando várias músicas se unem e formam uma sequência triste, das que puxam o pensamento na mais profunda desesperança. Dá vontade de ser surdo, dá vontade de nunca ter vivido. O pior é que nunca sei quando estou me aproximando do rádio, nunca percebo se o volume da música está aumentando gradualmente ou foi de maneira brusca. Só sinto que a sinfonia começou a tocar e nela mergulho, não quero pensar em mais nada, não quero ninguém. Procuro a fuga em algum lugar, em algo que me dê conforto, mas não há solução. A situação só se resolve se eu escutar toda a melodia (que durante seu percurso me parece sem fim) até enjoar de novo e, de uma maneira que nunca pude explicar por não saber como aprendi, abaixar o volume da música e deixar que outros sons, de preferência mais alegres, manifestem-se com o fim de me fazer esquecer daquelas tristes notas. Mas, acho que é inevitável, pois fui eu que ajudei a compor a canção e - por vir de mim - ela sempre ecoará em minha vida ensinando-me a aproveitar melhor as batidas felizes que meu coração dá. Não sei se um dia conseguirei, mas, por enquanto não vejo como regular o ritmo da sonora existência terrena.

2 comentários:

Bruna monteiro disse...

Mas pra saber o que é alegre, temos que escutar o triste, que também tem sua beleza, só assim sabemos diferencia-los. Se toda música fosse alegre sempre, não seria alegre, seria normal. E coisa normal ninguém quer mais. A graça da vida é justamente essas ondas oscilando que nos transforma a cada momento. A paz é um saco. O rebuliço, a mudança é isso que nos deixa de corações largos. O que me incomoda na verdade é o som do silêncio, e tudo que me vem além é lucro. Isso é viver, é sentir, é sangrar.

Dio disse...

Gramofone já saiu de moda, João. Tem mais essa de um vinil por vez não. É tudo mixado agora, um caos de sons, barulhos, ruídos, melodias e canções. Se você tira um, todos os outros saem juntos, não há mais como dissociar, o som dos meus passoas no chão é música triste, para Björk, e alegres são as músicas advindas das gotas de chuva que saem do céu direto para todo o corpo de Gene Kelly. Normal é ser triste e feliz ao mesmo tempo.

Abraços,
Diogo.

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