10/12/2009 11:02:00 PM Comment1 Comments

E por que não, doravante, dar bom dia ao sol e boa noite à lua?

10/06/2009 06:35:00 PM Comment1 Comments



Pessoas cansadas de algo, em geral, adquirem dois comportamentos: ficam quietas ou reclamam de tudo que lhes cansa. As últimas, normalmente, são chamadas de resmungões. Eu canso, logo resmungo.
Daí os cansados, em sua maioria, tomam duas atitudes diferentes: normalmente os quietos descansam, angariando forças para resolver o problema mais tarde. E os resmungões reclamam até ficarem cansados de reclamar, daí tornam-se quietos e vão descansar com o objetivo de angariar mais forças (leia-se reclamações, também) para resolver o problema.
É verdade que, em algum ponto, todos os cansados ficam quietos, concordo. Mas há um diferencial entre passar (ou não) pela fase das reclamações: a paciência. Os quietos preferiram não gastar sua paciência, seja por achar o problema irrelevante, seja por conseguir racionalizá-lo de tal forma que chegaram à conclusão de que era melhor deixar "esfriar". Mas, eu esquento.
E o que acontece com os que esquentam? Bem, talvez eles resolveram reclamar por terem dado tamanha importância ao problema que é necessário resolvê-lo imediatamente. Quando veem que não conseguirão resolvê-lo, ficam quietos e esfriam. Porém, esse processo de resfriamento pode tornar o que antes era mero calor(raiva) em azedume(abuso). O que traz, finalmente, a duas formas de resolver o problema.
Os que esfriam sem azedar, independente de terem passado pelo processo da reclamação, racionalizam o problema e o "consertam" de alguma maneira.
E quanto aos que se abusam?
Bem, esses se livram do problema, seja jogando ele fora, seja cortando relações, seja ignorando-o. E ficam satisfeitos com a solução que deram. Um final feliz para todos!

P.S: Há casos em que eu me abuso, nem tudo é perfeito, não é mesmo? Nunca achei que a busca por perfeição e a felicidade coexistissem.

P.S²: Por exemplo, essas três primeiras linhas problemáticas, cansei de tentar consertá-las, abusei e agora as ignoro (:

7/05/2009 07:10:00 PM Comment2 Comments

Fria manhã, apática, chuvosa. Manhã excepcional de janeiro, comum em julho. Sensação fria, excepcional nesse jovem, comum para alguns. Sentir o princípio do fim é doloroso. Saber do princípio do fim é angustiante, torturante por ansiedade. É de se apegar a uma esperança, solitário desejo. Que não doa tanto quanto se imagina. Incrível como, de maneira inconsciente, lidou com o prazo. Acordou um minuto antes de o despertador forçá-lo. 4:59. Não queria sentir o susto, a pancada da realidade, mas desejava prolongar seu transe fugitivo o quanto fosse possível. Evitar a pancada faz parte do desejo de que não doa tanto quanto se imagina.

Fez o caminho de maneira inerte. Prova de que hábitos tendem à inércia. Na hora habitual, chegou ao destino. Lá a achou, sua conselheira, companheira, vítima de pancadas, causadora de suas dores. Com quem tinha um encontro diário, a única que o abraçava constantemente, um abraço que o fazia parte dela,engolia, acolhia. Ele, sentindo-se pequeno em sua imensidão, não era obstante em tentar conhecê-la em cada novo amplexo. Contudo, naquele dia, estava mais fria que o normal. Bem como mais lacônica. Ao tocá-la, foi como se cada parte de seus corpos estivesse sendo ferida. Um abraço cortante. Um afago invertido.

Iniciou o que devia fazer. A rotina, cumprir a rotina. Começou tão cedo que parecia infindável. Agora estava diante do (nunca tão cogitado) fim. Da outra borda. Os temidos últimos cinquenta metros que deveriam ser os mais rápidos, em tal dia, prolongaram-se com uma preguiça maliciosa. Pancada da realidade. Era preciso aceitá-la, não se pode viver no transe fugitivo dos sonhos, por mais que se insista em esticá-lo.

Nesse dia, e somente nele, é consentida, aos que se encontram nesse contexto, uma honra. Recompensa, talvez. No derradeiro dia de seu convívio, poderia passar com ela quanto tempo quisesse, o quanto fosse “suficiente”. E assim o fez. Como se prolongar a dor fizesse dela menos intensa. Procurava o cansaço e a exaustão para que esses preenchessem o vazio ameaçado de ocupação pela melancolia. Não obteve nenhum dos três. Sentiu torpor e para ele foi suficiente. Estava pronto para abandoná-la. Ela causou-lhe torpor, não havia motivos para manter contato.

Saiu. Deixou-a fria e imóvel. Prometeu-lhe voltar. Ali achou a melancolia. Agora, encontra cansaço e exaustão nas suas tentativas de retorno. Pancadas da realidade.

6/18/2009 10:47:00 PM Comment1 Comments

O sentimento sincero que tive ao receber a notícia foi indiferença. Eu já havia comentado com algumas pessoas, antes, que era a favor da obrigatoriedade (continuo sendo), mas se a lei fosse revogada eu não teria grandes problemas.Sinto um pouco pelos futuros estudantes de jornalismo, que podem perder o estímulo, mas em toda profissão há uma série de dificuldades, cabe a cada um aceitar as que lhe são impostas se realmente deseja atuar na área, caso contrário, desista. É uma pena que se desista de estudar jornalismo por causa do mercado. Numa visão bem funcionalista, eu vejo a imprensa como instituição e, sendo pouco liberal, acho que instituições, quando possuem grande repercussão na sociedade, devem ser reguladas. Vejo a formação acadêmica como melhor meio possível para adquirir as competências necessárias ao exercício do jornalismo, bem como qualquer profissão, e, por achar que a sociedade merece os profissionais mais competentes possíveis, penso que o diploma deve ser obrigatório. Contudo, como a teoria funcionalista bem diz, quando uma instituição falha, as demais são prejudicadas. A educação no Brasil está falha, por isso, nem sempre os melhores profissionais vêm da academia, talvez até por terem achado desnecessário "submeter-se" a ela. Poderia haver um jornalismo melhor se todos fossem diplomados, ao menos é nisso que acredito. Mas, para que meu argumento a favor da obrigatoriedade do diploma surta efeito, a educação precisa ser mais regulada (leia-se consideravelmente melhorada) , a fim de gerar profissionais de competência inconstestável. Assim, o diploma não seria uma mera prova de conclusão de curso, mas atestado de excelência. Claro, sempre haverá aquele que se forma e não é tão competente, mas não se deve comprometer uma instituição inteira e, por consequência, uma sociedade, por causa de exceções. Essas exceções não teriam vez no mercado de trabalho.E é nessa crença de que incompetentes não têm vez no mercado que me apoio para seguir meu curso, estudando com afinco, a fim de tornar-me o melhor profissional que posso ser. É nessa crença que também reside minha indiferença, se eu for bom, haverá lugar pra mim, se não for, serei engolido pelo mercado. Vivo no capitalismo, o aceito e admiro. Só acho que concorrência deveria existir entre formados, afinal de contas, existe uma razão para que esse ensino seja chamado de superior, pena que ela não seja tão evidente na realidade brasileira. Por isso, indiferente sou.

6/16/2009 03:08:00 AM Comment1 Comments


Dentre os costumes do grilo, um inusitado sempre se percebia.

Ele ria! Sim, o fazia, normalmente, três ou quatro vezes ao dia.

Ria sozinho, solitária alegria cultivava.

E aquela risada, sempre questionada, o que diacho significava?


O motivo permanecia não revelado,

Pois o humor do grilo era bastante malvado.

Por isso, muitas vezes, continha seu prazer

Que sempre nascia de deboches do alheio fazer.


Como um galo, crispando a crista

Com seus critérios criava a lista.

Criticava criaturas, cristalino, criativo.

Nem crismado cristão escapava de seu crivo.


Mas, o inseto encontrou quem das piadas risse,

Alguém que via graça em meio a tanta canalhice.

Agora, pode compartilhar seu humor, antes mesquinho

Pois, doravante, esse grilo não mais rirá sozinho.

6/04/2009 12:02:00 AM Comment0 Comments


Entre mim e minha irmã há uma diferença de cinco anos, muitos quilos e alguns centímetros. Quando ela nasceu e eu demonstrava ciúmes, meus pais sempre disseram: "Quando chega alguém novo em um lar, cabe aos antigos donos demonstrar hospitalidade". Mas, eu tinha apenas cinco anos, não entendi de todo a importância dessa frase.
Por isso, ao longo de nossa convivência, brigamos muito, discutimos e agredimo-nos fisicamente, coisa de pivetes. Porém, quando ela começava a chorar durante uma briga, por ser mais jovem e, em consequência, mais frágil, minha mãe brigava comigo, por mais que a pequena Júlia tivesse me mordido, deixado marcas, arranhões. E restava em mim a indignação. Como poderia eu levar a bronca (às vezes única, às vezes maior) por ter brigado, afinal de contas, minha mãe também dizia que "quando um não quer, dois não brigam"? Depois de certo tempo (e com ele mais brigas), concluí que o caçula pode até não ser inocente, mas o mais velho é o mais responsável, por ser maior, por saber das regras da casa, por ser mais forte.
Não nego que, por muitas vezes, minha irmã foi implicante e provocativa, não. Mas, com o passar do tempo, aprendi que a paz e tranquilidade de meu lar não mereciam ser destruídas por brigas que não levam a lugar nenhum. Ou melhor, levam a rupturas, pequenos abismos, onde dentro se enxerga o nada, que não deixa de ser lugar nenhum.
Contudo, da fragilidade de minha irmã também nascia a sensibilidade para ser a primeira a pedir desculpas, assim ela sempre me provava que seu amor fraternal era maior que meu orgulho.
Entre o laranja (às vezes) provocativo (ou meramente enérgico) e o branco pacificador há várias diferenças, tanto ao impacto causado aos olhos, quanto à composição da cor. Segundo a física, o branco possui todas as outras. Talvez, diante de toda essa confusão, faltou uma mãe que gostasse de todos como qualquer ser gosta de suas duas mãos, de maneira igualitária, apesar de estar mais acostumado com uma. Acho que ela saberia dar a bronca.
Portanto, venho aqui repetir a ação de minha irmã após as brigas.


5/25/2009 09:20:00 AM Comment5 Comments


Há um bom tempo tenho analisado a diferença entre saber de algo e realmente aprender sobre tal assunto. Certos assuntos faço questão de demorar analisando, como alguém que,antes de prová-la, observa, por um instante, alguma inguaria que nunca comeu. Ontem ouvi uma frase e hoje parece que comecei a aceitá-la. "Pessoas não pertencem às outras para sempre". Não mesmo. Certas vezes, a afeição que se sente por alguém é usada como forma de aprisionar essa tão querida pessoa. Se eu pudesse, transformaria algumas pessoas em miniaturas e as carregaria no (meu!) bolso. Mas, não posso e devo aprender com isso. A vida é uma experiência bem curta, os relacionamentos encontrados nela são mais fugazes ainda. As pessoas não são eternas, o máximo de eterno que se pode ter em relação a alguém é o sentimento. Chegará o dia em que a separação será necessária. O contato se perde, as conversas são raras. Nós, viventes, nos separamos por nossas escolhas, não podemos viver em função dos outros, por mais que queiramos, por mais que seja prazeroso ou necessário. Deve-se respeitar a independência e liberdade de cada um.
De certa forma, o desejo de aprisionar alguém, de guardá-la no bolso, tem a ver com a incapacidade de aproveitar cada momento do relacionamento. Deseja-se alguém para sempre porque cada pessoa é uma fonte inesgotável de sensações. E se quer prová-las, uma a uma, com o seu "prisioneiro afetivo". Mas a beleza dos pássaros está no seu voo, não há como essa beleza se manifestar numa gaiola. É preciso deixar, deixar que o pássaro voe, talvez volte ou talvez você nunca mais o alcance. Mas, deixar que ele voe faz parte da confiança. É mais fácil manter um pássaro livre no seu quintal do que engaiolá-lo e perdê-lo assim que a gaiola quebrar. Você conheceu o pássaro livre, não possui o direito de aprisioná-lo. E assim são pessoas, livres, efêmeras, fugazes. Elas vão embora, porém, nunca igual a como chegaram e sempre mudando algo em quem deixam. O seu tempo não é o mesmo dos outros, então a ida nunca será sincronizada com sua capacidade de deixar ir. É melhor aceitar para que o sentimento (o único eterno) seja feito de boas lembranças, não da frustração pela "perda".

Depois de algum tempo você aprende a diferença,

a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.

Um Manual de Sobrevivência - Willian Shakespeare.

5/21/2009 11:00:00 AM Comment1 Comments

Tomado pelo lugar comum de que “A vida é uma escola”, convido todos ao retorno de seus tempos de estudo primário, quando ainda chamávamos a professora de “tia”, talvez imersos na ilusão de que todos que nos transmitem carinho e ensinamentos sejam nossos parentes. Lá, enquanto nossos pequenos corações descobriam novos sentimentos e não paravam de crescer, ano após ano, recebemos ensinamentos que só mais tarde seríamos capazes de entender a profundidade. Na sala, aprendemos a ler, mas só na convivência descobrimos ser possível a leitura não só de textos, mas de pessoas. Somos capazes de ler o próximo e nos ler, basta juntar as sílabas da forma correta. Na aula de matemática, conhecemos as quatro operações, porém, apenas mais tarde descobrimos que é possível somar com pessoas, subtrair sentimentos ruins, multiplicar os bons e saber quando dividir. Mais tarde, em química, quando estudamos as ligações atômicas, descobrimos a possibilidade de doar, receber e compartilhar nossas partículas, como se cada um fosse um átomo e seus sentimentos os elétrons. Ainda em química, descobrimos também que existem os gases nobres, pessoas que, por mais que desejemos, nunca iremos encontrar, nunca teremos contato, simplesmente não se misturam. Em matemática, novamente, descobrimos que menos com menos podem ser mais, desde que estejam dispostos a se unir. E, na aula de português, tomamos conhecimento de vários verbos e seus significados teóricos, mas só saberemos quando e por que usá-los na prática, na grande escola que é a vida. É nela que percebemos a verdadeira grandiosidade de palavras como amar, perdoar, compreender. “Palavras têm peso, uma vez proferidas não podem ser silenciadas, o significado é como uma pedra jogada em um lago; a ondulação na água se propaga e não se pode saber que margem vai inundar.” Estudamos a história do mundo para não repetir os erros do passado, estudamos a nossa história íntima para extrair o melhor que passou a fim de construir um futuro promissor. De fato, a vida é uma escola. De certos ensinamentos não podemos fugir, algumas lições teremos de maneira doce e encantadora, outras serão penosas e amargas. Vivemos numa troca inesgotável de informações, amigos podem ser seus professores, nossos pais um dia serão nossos alunos, cabe a nós saber que ensinamento dar aos que amamos. E, para viver, é preciso que um princípio nunca seja esquecido: “Nunca saberemos de tudo”, pois saber tudo tiraria a graça da vida, o encanto da aprendizagem, a beleza da troca. Por isso, tome cada dia como uma página de um livro que se lê com grande curiosidade e sede por sabedoria, extraia dele o melhor, por mais difícil que seja a leitura, e interaja com os personagens que encontrar em sua história. Todos nascemos para aprender e morreremos deixando aqui nossa contribuição para o aprendizado do próximo, pois aprisionar o conhecimento é a prova de que não se aprendeu a diferença entre dividir e compartilhar.

5/08/2009 08:24:00 PM Comment2 Comments

Lost ‘til you found

Swim ‘til you drown

Know that we all fall down

Love until you hate

Jump ‘til you break

Know that we all fall down

Ouvi essa música em diferentes momentos da minha vida, mas parece que nunca quis tanto entender e agir de acordo com a mensagem que vem nela quanto atualmente. Criei muitas expectativas, construí várias metas e, por muitas vezes, deixei de agir por causa do medo de errar.

Um pensamento tem sido bem recorrente em minha cabeça, antes era um mero conselho da minha consciência, depois passou a ser certo desconforto, mas agora é uma necessidade: “Preciso organizar minha vida”. Cheguei a um ponto em que “cansar” e “desistir” tem sido verbos muito comuns no meu vocabulário, geralmente conjugados no pretérito perfeito, seguidos pela vaga tentativa de trazer o verbo “mudar” para minha pessoa, minha primeira pessoa, fazer dele a primeira ação da minha pessoa. Esqueci-me de ser o sujeito e me tornei objeto, objeto de uma ação que escolhi praticar antes, no meu pretérito que agora parece mais que perfeito, graças à confusão na qual me encontro. Preciso unir o melhor do que fui com os planos do que posso ser, sair da inércia e, mais que tudo, errar.

Acho que já segui o primeiro passo do refrão. Estou me perdendo até encontrar o que quero ser, inclusive tentando agir em prol desse encontro. Contudo, ainda preciso nadar até me afogar, ainda preciso cansar. E não no sentido que tenho me cansado ultimamente, por descrença, por enjoo, mas por verdadeiro esforço, por tentar repetidamente. Preciso cair na piscina e nadar até perder todas minhas energias, porque mesmo me afogando terei a certeza de que nadei, não fiquei na raia perguntando se valeria à pena. Assim como amar até odiar, romper a linha tênue entre o amor e o ódio e depois entender porque amei e, ao final, escolher pelo amor, já que ele deve superar o ódio. Acreditar no amor sempre nos pareceu uma ótima válvula de escape. Assim como pular todos os meus obstáculos até quebrar, quebrar algum parâmetro, algum limite, ou me quebrar e, com isso, juntar meus pedaços numa forma de me conhecer. O que me permite isso é a consciência do erro, de que todos nós caímos, perdemos, vacilamos. “We all fall down”! Prefiro tentar e depois me orgulhar de ter agido a permanecer na preguiça e não mais evoluir. Meu medo não deve ser o de cometer os erros, deve ser de não saber repará-los.

“Whenever your world starts crashing down, that’s when you’ll find me”

5/03/2009 10:21:00 PM Comment0 Comments

Sinto falta, sinto muita falta. Faz tempo que não vejo, que não converso, que não rio. Parece que a promessa não foi cumprida, as regras do acordo não foram respeitadas. É penoso, porque as boas recordações que me restam vêm envolvidas pela melancolia da [tua] ausência. Minto para mim dizendo que não me importo mais, finjo que não me afeto, como se não interferisse, como se eu aprendesse a desgostar. E por mais que eu tente repetir essa mentira [ao contrário do que o ditado diz] ela nunca se tornará verdade. Hoje percebi, através de uma frase, que o sentimento é recíproco, assim como a inércia em que ambos estão, porém custo a acreditar que [de mim para ti] a distância é a mesma, talvez porque seus passos podem ser bem maiores que os meus. Tenho a convicção que fiz o que pude, durante todos os anos e tenho o triste cansaço que agora me impede de tentar um pouco mais, de perseverar. Não gosto de desistir, muito menos de pessoas, menos ainda de desistir de ti. E outros copos estão preenchendo a mesa, outros perfumes estão passeando no ar, mas é como se tua essência tivesse virado meu olfato, afinal, cansei de dizer que fazes parte de mim, uma parte que [agora?] falta. Infelizmente descobri que, ao contrário do que eu pensava, não é uma parte vital, de extrema necessidade. Doeu admitir que vivo sem, contudo, nada supera a dor de aprender a aceitar essa independência. Eu queria [e ainda quero] que aquela eternidade não fosse tão efêmera. Agora vejo que a única eternidade que tenho é a espera. Vou esperar, mas sem grandes expectativas. Não posso viver de lembranças, por mais felizes que sejam. Eu preciso de suas ações, que, mais do que nunca, estão [na verdade, acho que sempre foram] ausentes. E o pior de tudo é que tu me conheces e, por me conheceres, eu esperava que já tivesse agido. Por isso, chego à triste conclusão de que você também desistiu de mim e conserva na lembrança aquilo que chamamos de sempre, aquilo que ambos poderiam fazer de eternidade.

4/30/2009 07:43:00 PM Comment7 Comments


-Talvez esteja morto. Disse o médico ao pai da criança logo após a mãe ter entrado na sala de operações

- Nós sabemos que ocorreu uma “bolsa rôta”, o rompimento prematuro da bolsa que abriga o bebê, a mãe estava perdendo o líquido amniótico e não percebeu, seu corpo estava absorvendo o líquido, de modo que poderia ocorrer uma infecção. Tudo indica que o próprio bebê rompeu a bolsa, quis forçar um nascimento precoce. Continuou o médico

O pai observava-o atentamente, olhos arregalados e uma face grave. A criança foi concebida durante a lua de mel, sonho do casal. Era a prova viva de um amor em constante crescimento, assim como a barriga da mãe, assim como o ser que nela habitava.

-Também devo advertir que a infecção ocorreria de maneira geral se a criança estiver morta, calcula-se que o líquido amniótico restante em sua esposa seja o equivalente a meia xícara de chá. Falava o profissional num tom seco, afinal estava acostumado com a ideia de ver mortes, fazia parte de sua labuta.

Há sete meses o casal católico tinha recebido o sacramento do matrimônio, a criança era prematura, não era esse o planejado. A mãe tinha tomado uma série de medicamentos para forçar o amadurecimento dos pulmões do bebê, não tinha percebido que estava absorvendo o líquido que serviria para nutrir seu filho, não tinha nenhuma noção de que o bebê poderia estar morto, nem sequer imaginava que poderia morrer tentando trazer uma vida ao mundo. Imaginava que existia uma complicação, afinal de contas estava rumo a uma cesariana durante uma sexta-feira, ainda por cima, um feriado, na manhã de primeiro de maio de 1992.

- A operação já foi iniciada, devo entrar para auxiliar o médico principal, em alguns minutos obteremos a resposta. Finalizou a conversa o médico que já tinha percebido a falta de vontade do pai em se comunicar.

O meu filho não vai morrer, eu tenho fé. Um fruto de amor não acabaria em desgraça, amo minha esposa, amo essa criança que em minutos terei a chance de ver. Eu não tenho dúvidas de que todo o esforço não foi em vão, não é justo que isso acabe em morte. A minha fé e a de toda minha família prevalecerá. Deus existe, seja lá como cada um crê que ele é, mas existe e não deixará que isso aconteça. E essa data será lembrada com grande felicidade como o momento em que uma criança forte venceu as dificuldades que lhe foram impostas. Será grande, será amado.

Assim o pai ajoelhou-se a rezar.

Minutos depois recebeu a notícia de que a operação foi um sucesso, a criança tinha nascido e sua esposa estava a salvo. Recebeu o nome de João Vitor.

João significa perdedor, é um nome comum. Vitor significa vitorioso, é praticamente o radical da palavra. O pai quis mostrar que o que aparentemente era uma derrota terminou em vitória. Mas, para ele, o mais importante significado do nome do seu filho vem da Bíblia. João significa amado.

4/29/2009 09:49:00 PM Comment1 Comments

Eis que, para mim, mais um ano está perto de se completar. Geralmente, nas proximidades dessa data, reflito sobre o que fiz no período que se passou, se alcancei minhas metas, se cumpri meus deveres. Então, que eu faça uma breve análise em forma de texto. Na manhã de 01/05/08, estava estudando história, mesmo sabendo que era meu aniversário e, ainda por cima, feriado. Naquele ano, meu tempo presente era apenas uma véspera do futuro. Meu ano de 2008 foi dedicado a uma meta, tinha um objetivo a ser cumprido e não deixaria que nada me desviasse dele até conseguir, ainda bem que no final do mesmo ano a vitória foi alcançada. Dei um passo muito importante na minha vida, um passo que gastei muitos anos me preparando para efetuar. Contudo, esse é o primeiro de uma grande trilha a traçar. 2009 trouxe para mim muitas alegrias, mas também, muita responsabilidade. Sinto que preciso estudar mais, quero ser muito em pouco tempo, o que traz consigo muito esforço. Esse hábito em certos momentos me machuca, o de exigir-me muitas vezes até mais do que possa alcançar. Sempre sou inconformado com o que faço, tal sentimento transforma todas as minhas reflexões pré-aniversário numa atividade um tanto frustrante, porém, não é de todo mau, ele me ajuda a evoluir. No campo das relações, 2008 me pôs em prova muitas “amizades”, que se desfizeram na mais rápida ameaça; já 2009 foi bondoso, trouxe algumas em que pretendo investir aprendendo com os erros das anteriores. Ah, claro, algumas características minhas afloraram com o passar desse ano, estou mais reflexivo e analítico, meu conhecimento se expandiu de forma considerável e também tenho pessoas com as quais vale à pena discuti-lo. Entretanto, algo me incomoda, já não sou mais uma criança, mas ainda não assumi a postura de adulto que procuro, porém sou auto-indulgente nesse aspecto, afinal de contas, a adolescência é o período da mudança, só preciso lembrar que estou próximo do fim dela... Enfim, creio devo olhar para meus dezessete anos com certo carinho e receio, carinho por estar caminhando para o homem que desejo ser e receio de não alcançar minhas expectativas, graças ao meu hábito anteriormente citado. Porém não posso reclamar desse hábito, se não o tivesse, o que faria de mim como sou? Talvez toda minha vida seja uma busca incessante pelo que procuro ser.

4/25/2009 12:09:00 PM Comment2 Comments


A quem importa se hoje a água estava mais fria? Se não quis sair da cama, se não quis ver, falar, nem ouvir. Quem se interessa por quantos sonhos ficaram no meio do caminho? Quantas vontades não foram satisfeitas, quantas dúvidas não foram resolvidas. De que adianta explanar as dores, reconstruir momentos de desespero, evocar situações de angústia? Nada, a resposta para isso tudo é nada. No vácuo é que todas essas sensações deveriam ficar, ou não ficar, não existir mais. Mas, elas são como uma música que um dia incomodou muito ouvir pela altura do seu volume. Com o tempo você se afasta dela e sua intensidade é menor, entretanto, a música sempre irá tocar, só que dessa vez mais baixo. E basta se aproximar do rádio que ela volta à tona e continuará irritando, até mais que antes, talvez. O problema é quando várias músicas se unem e formam uma sequência triste, das que puxam o pensamento na mais profunda desesperança. Dá vontade de ser surdo, dá vontade de nunca ter vivido. O pior é que nunca sei quando estou me aproximando do rádio, nunca percebo se o volume da música está aumentando gradualmente ou foi de maneira brusca. Só sinto que a sinfonia começou a tocar e nela mergulho, não quero pensar em mais nada, não quero ninguém. Procuro a fuga em algum lugar, em algo que me dê conforto, mas não há solução. A situação só se resolve se eu escutar toda a melodia (que durante seu percurso me parece sem fim) até enjoar de novo e, de uma maneira que nunca pude explicar por não saber como aprendi, abaixar o volume da música e deixar que outros sons, de preferência mais alegres, manifestem-se com o fim de me fazer esquecer daquelas tristes notas. Mas, acho que é inevitável, pois fui eu que ajudei a compor a canção e - por vir de mim - ela sempre ecoará em minha vida ensinando-me a aproveitar melhor as batidas felizes que meu coração dá. Não sei se um dia conseguirei, mas, por enquanto não vejo como regular o ritmo da sonora existência terrena.

4/23/2009 10:33:00 PM Comment0 Comments

A verdade é: não há opção. Aceite, é o que eu digo. Aja como eu faria e, digo mais, seja melhor, o mundo exije cada vez mais, por que não exigiria de você? Só vou ajudar o essencial, o resto é de sua responsabilidade. Eu pago até saber que você tem uma maneira de conseguir dinheiro e pagar. Sim, eu lhe dou comida porque você precisa dela para ficar forte e vencer o mundo, afinal de contas, não está nele para perder. Por essa mesma razão sua vitória não será exaltada, é apenas um reflexo de sua obrigação, haverá recompensa quando o investimento for tamanho que é necessária uma forma de demonstrar aos demais seu merecimento. E assim será enquanto meus olhos estiverem em você. Suas escolhas devem ser condizentes (na verdade, devem refletir, ser completamente compatíveis) com as minhas. Ah, disciplina é imprescindível, desleixo é uma tendência sua e por isso deve ser reparado com mais força. Outra tendência sua é o erro, mas é óbvio que você não possui essa opção, não é com ela que se aprende, é com o ato de evitá-la que se mostrará mais forte, os fracos erram. Alguns distúrbios resultantes desse método podem se desenvolver durante a sua vida, mas o erro não está no método (porque ele funcionou comigo), o erro está em você, já cansei de dizer que é fraco. Nada me importa se você tem a idade mental três anos mais avançada que a corporal, sempre terá 25 anos a menos que a minha. Algumas concessões serão feitas, claro, sabemos em que situações você rende mais, contudo, lembre-se, só serão feitas as concessões que me forem convenientes. E digo mais, tudo que você é vem de mim, dos meus genes, dos meus planos e da rotina que planejei. Não vou mudar, é indiscutível e seu futuro será o que escolhi. Logicamente você sabe qual é, meus investimentos nunca são em vão, uma cria minha jamais nasceria para a derrota. Limites não foram criados para serem quebrados, mas, impostos.

4/22/2009 05:32:00 AM Comment1 Comments


Hoje, quebrei as regras. Aliás, quebrei normas que foram impostas a mim desde que nasci, sem nenhum direito a discussão, contestação ou reforma. Talvez a imagem do filho perfeito tenha sido um tanto arranhada e, para que volte ao normal, a reparação exija certo castigo. Na verdade, foi um erro honesto, se assim for possível definir. Não atentei a nenhum dos meus princípios mais fortes como filho. Não desobedeci às ordens mais rígidas de minha família, apenas desrespeitei um dos vários padrões daqui: o horário. É, pus meu pé em casa com certas horas de atraso e fui descoberto. A princípio senti um pouco culpa, mas, depois pensei: “certas barreiras apoiadas meramente em padrões excessivos devem (e precisam) ser quebradas.” Todo animal tem que romper a casca do ovo e não venham dizer que eu não rompi, porque uma hora saí da minha mãe, quebrei a mais dura de todas as cascas, saí de dentro de outra pessoa. Estou me sentindo bem, toda essa situação me faz lembrar que sou mais um adolescente do que um adulto em formação. Não sou perdoado como uma criança, entretanto não devo receber as mesmas responsabilidades que um adulto. Valeu e continuará valendo a pena ter uma boa noite de conversas e jogos com pessoas que gosto e posso chamar de amigos, sempre. Estou com um pouco de sono, provavelmente cansaço, porém provando de uma sensação que nunca tive. Eu errei e escolhi errar, por que, por quem e como errar. Não me interessa o que venha a ser o castigo (ou reparação), achei válido e não vou me arrepender, por mais que tenha outras oportunidades privadas mais tarde. Alguma hora eu tinha de errar, é um direito meu, é um direito humano. Estou saindo dos padrões, decepcionando expectativas de perfeição, divertindo-me sem pensar em meras convenções. Estou prestes a fazer dezessete anos, estou crescendo e finalmente sentindo mais do que as mudanças biológicas.
P.S: Sim, deu muita vontade de escrever um texto completamente inútil logo que cheguei em casa e não estou dando a mínima para a análise da qualidade dele (:

4/18/2009 07:36:00 PM Comment3 Comments


Há momentos nos quais me encontro numa euforia sem fim, em que transbordo de carinho e simpatia, em que vejo cada parte da vida pelo lado bom que ela tem a me oferecer. Por motivos diversos, na maioria das vezes inexplicáveis, entro nesse estado de realização e, quando menos espero, já estou fora dele. Por menores que sejam, meus lapsos são suficientes, vêm quando acho tudo normal por demais e me fazem analisar tudo por outra ótica, a ótica sem minha amargura natural, sem meu humor muitas vezes azedo, sem o veneno que dizem escorrer da minha boca quando falo. Nesses momentos meu único desejo é agradecer, a todos que estão a minha volta, pelos mais inusitados motivos de construirem minha alegria. É como se voltasse a ser criança, ou melhor, como se a criança que existe em mim tomasse todo o controle da minha mente e os que estão comigo fossem guardiões, pessoas que só querem meu bem. Nesses momentos percebo que realmente tenho esses guardiões, anjos de guarda que agem em prol da minha superação, minha melhoria. Posso não demonstrar, mas sei valorizar as pequenas ações, os mais breves momentos nos quais os que me circundam demonstram a razão de a vida ser tão mágica, o motivo pelo qual vale a pena acordar pensando que cada dia é uma chance indispensável de espalhar o bem, de querer bem, de "ser bem". Meus anjos agem de forma sutil, mas eficiente, e quando tomo consciência deles sinto que são indispensáveis, que são parte de mim. Acho que Bakhtin me dá a melhor definição possível dessa ação conjunta: "Sou na medida que interajo com o outro." Então sou melhor, porque os que interagem comigo querem que eu encontre o melhor.Espero que essas linhas captem todos aqueles que fazem de mim, cotidianamente, uma pessoa melhor pelo simples fato de existirem. O mais bonito de tudo é que o fazem de maneira inconsciente e inesperada, do mesmo modo que meus lapsos surgem e vão embora.

4/13/2009 06:32:00 PM Comment2 Comments

Bobo da corte, bufão, bufo ou simplesmente bobo é o nome pelo qual era chamado o "funcionário" da monarquia encarregado de entreter o reis e rainha e fazê-los rirem. Muitas vezes eram as únicas pessoas que podiam criticar o rei sem correr riscos.
Os bobos da corte são figuras interessantes. A começar porque de bobo pouco têm, são espertos, de pensamentos rápidos e traiçoeiros. Depois, porque geralmente têm algum fim para todas as suas ações, esperam conseguir algo de alguém. Sabem mentir, esconder e até manipular. De toda a corte, para mim são os mais interessantes, não têm uma posição beneficiada, não se apoiam em suas origens, dependem apenas das suas habilidades e inteligência. Às vezes me sinto um bobo da corte. É preciso fazer alguns rirem para, posteriormente, rir mais. É sensato se fazer de bobo para que outros não exijam mais do que se pode entregar. Minhas habilidades interessam [ou deveriam interessar] apenas a mim, uso-as quando percebo que é apropriado, com meios sutis para conseguir o desejado. Em passos mudos se trilha uma tranquila e sólida caminhada. Ser um bobo da corte é uma ótima maneira de desviar atenção dos seus projetos, é fazer com que tenham apenas uma impressão sua: a de que você está [apenas] preocupado em divertir os demais. Sim, engano, sim, dissimulo, mas é para manter meu ritmo. Além do mais,bobos muito sabem esconder a tristeza. Não adianta exibir algum mal que sinto, uma situação desagradável, uma perda, para a grande corte. A tristeza é uma sensação a ser divididas com poucos, do mesmo modo que gera compaixão, cria desprezo e demonstra fraquezas, que [para alguns "espertos"] são uma chance de se aproveitar. Enganar é necessário. Muita exposição gera expectativas, expectativas diminuem pessoas e trazem frustrações. Por isso, continuo assim porque de uma coisa eu sei: bobo bom é tão esperto que derruba qualquer rei.

4/08/2009 10:13:00 PM Comment2 Comments

Hoje, andando pelo Recife, vi um balão pichado num dos vários muros da cidade. Um balão daqueles que são usados para mostrar o pensamento de algum personagem de história em quadrinho, que parecem uma nuvem. Tinha escrito: “Você tem medo da solidão?” Diante dele eu parei, observei um pouco e, em voz baixa, respondi: “Não!”. Então pensei em todas as coisas que poderia fazer se vivesse só: leria muito mais, escreveria com mais frequência, ouviria várias músicas e não pensaria que sou/estou só. Depois, imaginei-me conversando com alguém sobre o livro que li, mostrando a alguém o texto que escrevi... É, fiquei em dúvida. Então pensei: “sou tão frio assim?” Depois refleti e conclui que sou frio sim, mas não por maldade.
Ignorar sentimentos alheios, pesar apenas a razão, evitar algum tipo de relação são consideradas ações frias e, por alguns, desumanas. Ser frio é considerado um erro, um sinônimo de alguém que não merece atenção, cuidado. Nesse ponto reside a contradição, errar é o que confere ao ser humano sua definição, usando o velho lugar comum: “errar é humano”. Do mesmo modo que ser frio é um erro, julgar também é. Muitos julgam alguém que está tomando atitudes frias sem tentar procurar as razões pelas quais tais ações são feitas. Frieza por vezes é uma máscara, alguns ignoram sentimentos para impedir que eles os tomem por completo e assim façam com que percam o controle, o que [nem sempre] pode ter um bom fim. O mesmo se estende às relações, pessoas são capazes de interferir de tamanha maneira na vida do outro que, para alguns, é melhor afastar. A psicologia explica, em certos casos, essa ação como uma forma de narcisismo, Narciso não achava que ninguém era bom o suficiente para ele. Eu vejo como insegurança, talvez o que afasta não se acha bom o suficiente para ninguém e sente medo de frustrar o próximo [ou se frustrar com ele].
Não quero me machucar, nem machucar o outro. Acho que só estou me defendendo. Mas, como o próprio parágrafo anterior explica, a frieza é só uma capa, capa que para mim serve de barreira para provar se um sentimento é verdadeiro o suficiente. Já que o clichê diz que o amor quebra todas as barreiras, que, comigo, ele comece quebrando essa.


3/19/2009 08:16:00 AM Comment2 Comments


Há momentos em que se necessita escrever e não se quer exatamente revelar o porquê, nem deixar que o texto transpareça. Escrever simplesmente por assim fazer com que se sinta melhor, por assim esvair alguma sensação que incomoda, machuca. Escrever mesmo sabendo que talvez não será lido, escrever sem pensar no alheio, no que ele pensará, é nesse momento, em que as palavras apenas desejam vir de mim para mim que acabam ecoando em outras cabeças e fazendo com que os outros identifiquem-se. Existem pessoas que querem compartilhar com os outros apenas o melhor, sejam histórias, sejam momentos, sejam [principalmente] sentimentos. Creio que me enquadro mais especificamente no terceiro exemplo de tal grupo acima citado, sentir-se mal, sentir-se triste não é algo essencialmente da minha natureza [creio eu] e quando isso acontece prefiro evitar transparecer para o próximo, de modo que minha melancolia não afete o dia do outro que poderia estar tão feliz, é a vontade de não se sentir uma pedra no caminho. É até irônico alguém tão extrovertido, tão voltado para relações sociais não querer expressar diretamente algo que tão lhe incomoda, algo que deseja ver longe de si. Contudo, às vezes é melhor sentir a dor, remoer a dor, refleti-la para que a mesma nunca mais volte [ou, pelo menos, afaste-se pelo maior tempo possível]. Às vezes é difícil demonstrar-se tão forte e controlador de si, mas é algo até divertido, visto que, para esconder algo, é útil exibir outra coisa muito mais interessante [mais atraente talvez]: alegria, por exemplo. É como o trabalho de um palhaço por dentro triste: fazer com que os outros riam para que as risadas ecoem em seu interior e surtam algum efeito no combate às suas desilusões. Pior é quando não sei o que sinto, pode nem ser dor. Vazio, talvez. Mas, resolver o vazio é bem melhor, é só deixar que um sentimento bom [vindo de alguém bom] me preencha a ponto de esquecer o que mais cedo senti, Difícil só é escolher de quem e qual sentimento abrigar.

1/17/2009 05:25:00 PM Comment1 Comments


Às vezes os rostos demonstram o inverso do que o coração sente e a mente remoe.

Às vezes não querem demonstrar nada, mas os corações alheios sentem e as mentes de terceiros remoem.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida minha face?

Retrato - Cecília Meireles.

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